As empresas familiares compõem a maior porcentagem de companhias existentes no Brasil. De acordo com dados informados pela PWC, elas representam 80% das 19 milhões de empresas brasileiras. Esse tipo de instituição mantém diversos aspectos em comum com outras modalidades organizacionais, no entanto, tem suas peculiaridades, por ser pertencente a um contexto de família. Sendo assim, a gestão de empresas familiares costuma ser mais cautelosa.

Neste artigo, vamos fornecer um apanhado geral sobre o que é e como funciona uma empresa familiar. Vamos abordar os principais aspectos envolvidos na gestão desse tipo de empresa, incluindo: quais os principais desafios, como garantir uma boa gestão patrimonial, como incluir os herdeiros e pensar em um plano sucessório adequadamente.

Por fim, vamos apresentar como uma empresa familiar pode se beneficiar dos serviços de uma consultoria empresarial. Acompanhe!

O que é uma empresa familiar?

Essa não é uma pergunta fácil de responder, visto que existem diferentes concepções que englobam essa modalidade de estabelecimento. O simples fato de se ter algum membro da família na administração do empreendimento não quer dizer que uma organização é uma empresa do tipo familiar.

Existem inúmeras características bem específicas que fazem com que uma companhia possa ser classificada como sendo do tipo familiar, mas, independentemente de qualquer coisa, o elemento família e patrimônio é um denominador comum para todas elas.

No que se refere ao patrimônio ou, então, à propriedade, pode-se apontar como sendo típico de uma empresa familiar o controle de uma instituição por parte de uma determinada família, seja de forma parcial, seja total. Em termos de empresa, é levada em consideração a gestão dela pelos integrantes dessa família, podendo ser no comando de uma equipe de caráter técnico, ou ainda participando na execução direta.

De acordo com alguns especialistas, uma organização familiar tem seu início a partir da primeira geração de uma família e se consolida e se confirma quando ocorre a sua respectiva sucessão para uma segunda geração.

Por outro lado, alguns estudiosos do tema acreditam que aquilo que vai definir com maior certeza se uma empresa tem o caráter familiar é o fato de os integrantes da família deterem a maior parte da propriedade. Outros entendidos no assunto afirmam que esse tipo de negócio é constituído quando há laços mais estreitos entre gestão e família.

É muito comum as pessoas acreditarem que as companhias familiares são praticamente todas microempresas ou ainda empresas de pequeno porte. Isso é um ledo engano, pois existem até mesmo instituições multinacionais que se encaixam nessa categoria, como a Novartis, Oracle, Walmart, Samsung, Roche, Facebook, Volkswagen e Nike.

É bastante comum também encontrar uma organização familiar cuja criação se deu a partir de uma ideia inicial do patriarca ou matriarca da família, sendo transmitida no decorrer das gerações, contendo intensos vínculos emocionais por fazer parte de uma história peculiar do núcleo familiar.

Algo muito característico da empresa familiar é que as pessoas que a compõem são de uma mesma família e o patrimônio empresarial é de onde a renda familiar é obtida. Desse modo, uma firma familiar apresenta a necessidade de estabelecer um contexto bastante firme e sólido, que precisa perdurar por mais de uma geração.

Uma característica inconfundível das empresas familiares é que, sem sombra de dúvidas, ela emprega membros da família no corpo de colaboradores e gestores. Isso se explica por uma questão de confiança ou ainda uma espécie de generosidade familiar, de apoio mútuo.

Em suma, o que vai determinar se uma empresa é familiar ou não é o fato de que o controle majoritário dela, seja em termos de gestão, patrimônio ou propriedade fica nas mãos de uma mesma família.

Quais são os principais desafios de uma empresa familiar?

Na cultura organizacional dessa modalidade de instituição, infelizmente, acontecem alguns problemas bem peculiares que acabam interferindo de maneira expressiva no andamento dos negócios. Tendo isso em vista, a gestão das empresas familiares precisa ser bastante competente, inteligente e cuidadosa para enfrentar e driblar esses desafios.

A seguir, listamos alguns dos principais desafios das companhias familiares:

Privilégios para familiares

É compreensível que, na gestão de um estabelecimento familiar, haja o desejo por parte dos membros dessa família de dar suporte para os entes queridos que trabalham nela, por conta dos laços pessoais. No entanto, esses privilégios podem prejudicar o fluxo de operações, a tomada de decisões, o nível de produtividade e desempenho, assim como o andamento dos negócios.

Carência de reinvestimento dos lucros

Um dos maiores diferenciais, aliás, o maior diferencial de uma companhia desse modelo está justamente no fato de que ela é controlada por uma família. Por conta disso, não é incomum haver certos “vícios”, como misturar finanças pessoais com as da pessoa jurídica.

Um exemplo disso é quando o lucro gerado pela firma é tomado para as finanças pessoais, em vez de ser reinvestido para a expansão dos negócios. Em alguns casos, isso atinge níveis críticos e pode até mesmo resultar na falta de recursos para o capital de giro.

Conflitos familiares

Toda família tem problemas. No entanto, isso pode se tornar um empecilho maior quando esses conflitos são trazidos para o seio organizacional, ou seja, quando não há uma separação clara do que é ou pode fazer parte somente do convívio familiar e aquilo que é profissional.

Caso não haja uma cultura organizacional sólida, imparcial e racional, esses atritos podem prejudicar enormemente a gestão das empresas familiares. É realmente uma tarefa bastante difícil separar os assuntos ligados aos negócios e à família. Isso ocorre porque não é fácil ter a percepção clara de que as relações profissionais são completamente distintas das relações familiares.

Dessa forma, não é possível ser categórico ao dizer que há um modelo único para a gestão das empresas familiares. Isso pode variar bastante de acordo com a estrutura familiar, assim como o tamanho e a história dessa família.

Além disso, indivíduos da mesma família que se lançam na gestão de um negócio podem gerar uma série de conflitos, devido ao grau de intimidade e ao tipo de interação que praticam no convívio familiar, que não pode ser o mesmo no cotidiano do trabalho.

Dilemas envolvendo custos e contratação

Tal desafio se apresenta por conta do pensamento equivocado de que, por haver pessoas da família na equipe de trabalho, os custos são menores. Muitas vezes, o fundador ou fundadora da empresa acredita que seus parentes não cobrarão dele o rigoroso e justo cumprimento das leis no que diz respeito aos salários e aos horários de trabalho, além, é claro, que essa pessoa “vista a camisa” da companhia por completo, mergulhando de cabeça.

Há exceções, é claro, porém, em diversos casos, isso acaba se tornando o ponto de partida para inúmeras divergências e conflitos.

O processo sucessório

Talvez esse represente um dos maiores desafios na gestão das empresas familiares: o processo sucessório. Esse momento de transição nos cargos dos gestores é bastante complexo, complicado e, muitas vezes, recheado de drama.

Acontece assim por muitas razões:

  • pela sucessão não ter sido pensada com antecedência;
  • por não haver preparação gerencial, administrativa e técnica suficiente;
  • por não se promover a qualificação do futuro gestor;
  • pela insistência do fundador em colocar no cargo alguém que não tem perfil para administrar o negócio da forma adequada, entre outras possibilidades.

Como separar o ambiente profissional do familiar?

Uma companhia familiar tem essa particularidade bem delicada que é misturar trabalho com sentimentos e emoções. E esse elemento pode se complicar ainda mais quando se trata do processo de sucessão. É imprescindível separar o ambiente profissional do familiar. Se houver algum tipo de problema pessoal com um parente que compartilha o mesmo ambiente de trabalho, não se deve, de forma alguma, tratar desse assunto no meio profissional.

O mesmo se aplica para os problemas profissionais, que devem se restringir ao local de trabalho e, de jeito nenhum, devem ser levados para o lar. Essa é a atitude óbvia e genérica. Em termos mais objetivos e práticos, como determinar essa divisão clara e necessária entre aquilo que só diz respeito à família e aquilo que faz parte dos negócios? Como conseguir que os temas familiares e profissionais não se misturem?

A resposta para isso está na profissionalização da gestão de empresas familiares. Contar com uma assessoria que auxilie na estruturação da composição do patrimônio e propriedade e também na administração da instituição é uma ação bastante estratégica.

Uma assessoria vai contribuir na elaboração de um diagnóstico certeiro sobre as condições e situação da empresa, a percepção dos perfis dos parentes e herdeiros que integram a equipe, além de determinar cláusulas a fim de estabelecer regras.

Com a profissionalização, há maior transparência nas atividades e decisões, além de maior equidade no tratamento dos familiares que integram a companhia. Assim, determina-se quem tem o perfil adequado para cada função na empresa e os rendimentos são distribuídos de acordo com a participação societária e o cargo exercido, entre outras ações.

Com a profissionalização, tudo estará especificado e delimitado, não dando espaço ou, ao menos, reduzindo as chances de haver essa mistura indevida do pessoal com o profissional. A instauração da meritocracia é também uma excelente maneira de evitar problemas.

Como desenvolver um plano sucessório?

O que é a sucessão empresarial

Antes de tudo, é interessante definir melhor o que é a sucessão empresarial e o plano de sucessão. O planejamento sucessório nada mais é do que um conjunto de instrumentos usados para simplificar o processo de transmissão do patrimônio do proprietário atual para os futuros donos e assim por diante, antes que ele faleça.

No caso das empresas familiares, esse tipo de planejamento é essencial para que o patrimônio familiar tenha maior durabilidade e a empresa tenha a sua continuidade assegurada, de modo plenamente governável. Com a ajuda desse plano sucessório, portanto, é possível construir uma série de esquemas e mecanismos de treino e preparação, habilitando os herdeiros para poderem gerir a empresa e administrar o patrimônio.

A importância de se escolher e preparar o herdeiro para assumir a gestão

É muito frequente haver situações em que o fundador da companhia quer passar adiante o cargo para um determinado herdeiro, por afeto ou outra razão de ordem subjetiva, contudo, esse herdeiro em questão não tem o perfil desejado para fazer a gestão da empresa familiar de forma eficiente, com resultados satisfatórios.

Por outro lado, durante a elaboração e execução do planejamento, é feita uma observação mais apurada, racionalizada e objetiva acerca dos perfis dos herdeiros. Caso seja averiguado que um herdeiro não se encaixa no padrão desejado, seleciona-se então aquele que tem os atributos necessários para a gestão, e capacidade de levar o negócio adiante com o mesmo sucesso ou ainda mais.

A partir do momento em que se define quem ocupará o lugar do fundador, esse sujeito deverá passar por um longo e apurado processo de preparação. Deverá adquirir ainda mais qualificações, em todos os sentidos, e obter um conhecimento mais profundo a respeito da empresa e tudo o que possa estar relacionado a ela, em termos “teóricos” e práticos.

Esse herdeiro deve passar por uma série de treinamentos, para que, assim, esteja plenamente capacitado e apto de fato para assumir a gestão da empresa quando chegar a hora certa.

Quando esse planejamento deve ser elaborado

O planejamento sucessório deve ser elaborado da forma mais antecipada possível. Quanto antes essa prática tiver início, mais tranquilo será o período de transição, reduzindo a possibilidade de haver problemas.

É muito importante que esse planejamento seja dotado de muita flexibilidade. Ele pode e deve ser adequado e readequado conforme a realidade se apresenta e se modifica, de acordo com as necessidades e demandas. Tudo o que envolve o negócio é bastante dinâmico, então, o plano deve ter a possibilidade de alterações.

Outro ponto que deve ser aplicado quando se elaborar o plano de sucessão é buscar o engajamento dos membros da família. O ato de envolver e estimular o engajamento da família ajuda ela a refletir sobre as suas reais aptidões e seus papéis ou não na empresa e, com isso, delimitar quem ocupa tal cargo e assim por diante.

Como criar um sistema de inclusão de herdeiros?

Para criar um sistema de inclusão de herdeiros, ou melhor, dos futuros herdeiros, antes de tudo, é necessário definir a situação dos atuais. Uma das ideias fundamentais do planejamento sucessório e, consequentemente, da gestão de empresas familiares é definir muito bem quem faz o que, como, quando, onde e por que dentro da companhia.

Primeiramente, é preciso definir os salários de cada um. Acontece com frequência, por exemplo, que os sócios não tenham um salário delimitado e fixo em uma organização familiar, o que é um erro. Nesse sentido, de modo algum pode se cometer o erro de quitar todas as despesas mensais e o valor que sobrou ser dividido.

O mais recomendado é que se defina um salário para cada integrante da empresa, assim como seria feito normalmente com os funcionários. Os lucros podem e devem ser utilizados para reinvestir e compor o capital de giro.

Feito isso, deve-se seguir para o passo seguinte, que é delimitar o cargo de cada um dos componentes da família que atuam na firma. Por meio de um consenso e, em conformidade com as habilidades e competências de cada um, é o momento de dividir os cargos.

Tão logo esses passos tenham sido tomados, é crucial criar um sistema de inclusão de herdeiros. Se um ou mais sócios da empresa tiverem filhos menores de idade, é preciso ter consciência de que, em alguns anos, eles também poderão se tornar sócios.

Por conta disso, é essencial que se elabore um planejamento estratégico, esboçando a linha de sucessão de quem herda, o que será herdado e de quem. Em situações como essa, vale muito a pena contratar uma consultoria perita no assunto para assegurar que tudo seja feito da forma correta e dentro da lei.

Que dicas práticas devem ser adotadas para melhorar a gestão de empresas familiares?

Vamos fornecer abaixo algumas dicas de ações e estratégias que podem ser traçadas a fim de aprimorar a gestão de empresas familiares.

Tenha um conjunto rigoroso de regras

É de suma relevância que, para qualquer assunto e em qualquer etapa, se construa um conjunto rigoroso de regras. Quanto mais regras existirem, para o maior número imaginável de situações e condições, mais firme e consensual será a base sobre as decisões a serem tomadas.

Desenvolva uma cultura organizacional forte e consistente

Seja ela familiar ou não, toda instituição empresarial tem uma série de valores e princípios, que vão nortear todas as atitudes tomadas dentro da companhia, em todos os momentos.

Deve-se estipular qual é a conduta a ser adotada dentro da realidade da estrutura da família e também da companhia. Esses valores podem se transformar com o tempo, se tornando mais complexos e melhores, mas jamais podem ser barganhados — não se pode abrir exceções ou rupturas.

Adote a meritocracia

Os fundadores podem ser frequentemente condescendentes com seus filhos, creditando a eles méritos que não conquistaram efetivamente na empresa. Em outras palavras, acontece de o filho ocupar um cargo sem que tenha as competências necessárias para assumi-lo, o que pode trazer resultados insatisfatórios, ou até mesmo riscos e prejuízos mais sérios.

Sendo assim, se um herdeiro vier a ocupar um cargo, isso deve ocorrer pela conquista meritória dele, ou seja, por suas habilidades no exercício de suas funções na companhia.

Empregue as melhores práticas de governança corporativa

Para assegurar a transparência e auxiliar na determinação de critérios e normas, uma alternativa interessante é apostar na criação de um conselho de família e um conselho administrativo. Enfim, primar pela governança corporativa é dar mais solidez para a administração.

Esses conselhos devem ter reuniões periódicas para debater e solucionar conflitos, promovendo o alinhamento dos valores e objetivos da família com aqueles da empresa.

Como uma consultoria empresarial pode ajudar?

Estamos inseridos em um mercado que está cada vez mais competitivo e exigente. Nesse cenário, ter uma gestão profissional é praticamente um requisito básico para as companhias que desejam crescer. Dotada de profissionalismo impecável, uma boa gestão de empresas familiares não causa apenas impactos positivos no ambiente interno da companhia, mas torna a organização muito mais apta para competir com as demais e conseguir se destacar.

É exatamente aí que entra a consultoria empresarial. Ela corresponde a uma prestação de serviços por uma companhia terceirizada para a firma familiar, com o intuito de auxiliá-la no processo de gestão empresarial.

Sabemos o quanto os gestores, diretores e líderes em geral estão sempre imersos em um mar de questões de ordem operacional, e isso acaba fazendo com que eles tenham menos tempo disponível para se dedicar aos elementos estratégicos e táticos e, com isso, aprimorar a gestão da empresa.

A consultoria empresarial vai proporcionar a gestão profissional de que a instituição tanto precisa e almeja. Vale ressaltar que, para prosseguir com o processo de profissionalização da gestão da empresa familiar, é um investimento que trará um retorno incrivelmente positivo ao longo do tempo.

Um dos maiores benefícios proporcionados pela consultoria empresarial é contribuir com um levantamento e apuração detalhados de todos os dados e informações da empresa. Essa atitude permitirá a identificação de erros e falhas nos processos, atividades e condutas da companhia e, posteriormente, a elaboração de medidas para sanar essas questões.

O serviço de consultoria empresarial ajuda os gestores a otimizarem tempo e recursos (financeiros e humanos) e, assim, fazer com que a empresa se torne muito mais produtiva.

Aliás, a otimização de recursos humanos pode colher frutos maiores com a ajuda do coaching. Inclusive, coaching e recursos humanos são dois elementos que podem caminhar juntos para se obter o máximo de aproveitamento dos integrantes da empresa.

Como aprimorar a gestão de empresas familiares?

Como vimos, a capacitação dos herdeiros e a separação dos assuntos familiares e dos negócios são dois pontos cruciais para garantir que a empresa continue a ser bem-sucedida e tenha uma existência duradoura.

Para aprimorar a gestão de empresas familiares, antes de tudo, é necessário haver uma mudança e abertura de mentalidade por parte dos fundadores e gestores. Nesse sentido, é preciso abrir mão de certas condutas habituais e adotar novas práticas que coadunam com uma gestão mais profissional, objetiva e eficaz.

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