Uma situação comum entre os empreendedores é cuidar somente de questões operacionais e deixar de lado o foco estratégico necessário a toda organização. Nesse contexto, é fácil ignorar a importância do capital de giro, tanto para a sobrevivência do negócio quanto para a realização de investimentos e possibilidade de expansão.

O ideal é que esse montante exista desde o início da empreitada e se mantenha durante toda a existência da empresa. Afinal, o capital de giro serve para cobrir os custos operacionais da companhia — o que significa que é essencial para seu funcionamento.

Apesar disso, uma pesquisa do Sebrae divulgou que 39% dos empreendedores desconhecem a necessidade desse recurso para abrir o negócio. Por isso, o levantamento aponta esse como um dos principais fatores para a falência das empresas.

Como você chegou até aqui, provavelmente tem uma ideia da relevância desse assunto. Ainda assim, é importante compreendê-lo melhor, conhecer seu papel e os impactos negativos causados por uma má gestão.

Então, que tal ampliar seu conhecimento e ver, na prática, como usar esse dinheiro a seu favor? Acompanhe!

Entenda o que é o capital de giro

Esse recurso — também chamado de ativo circulante — representa o montante reservado pela empresa para executar suas atividades diárias, isto é, para que possa “girar”.

Por isso, consiste no dinheiro em espécie que a empresa possui naquele momento, mas também abrange seus bens que podem ser transformados em capital, como contas a receber, saldo da conta-corrente, aplicações financeiras e mercadorias.

No entanto, a conceituação vai além. O capital de giro, essencialmente, resulta da diferença entre o dinheiro disponível e o valor necessário para pagar as dívidas existentes — que podem ser gastos extras, despesas fixas ou custos necessários para a prestação de serviços ou para a comercialização de algum produto.

O capital que sobra desse cálculo é o que representa a possibilidade de giro. Ele deve ser utilizado para situações de emergência ou para trazer estabilidade ao negócio. Por isso, quando ele está ausente ou em nível baixo, a empresa assume riscos — especialmente de ser incapaz de honrar seus compromissos financeiros.

Veja qual é o seu papel no funcionamento da empresa

O capital de giro líquido é definido contabilmente como a diferença entre passivo circulante e ativo circulantes. Em outras palavras, é o resultado da diminuição das recursos disponíveis em curto prazo — como dinheiro em caixa, recebimento de vendas a prazo e aplicações financeiras com liquidez — das dívidas que devem ser quitadas rapidamente, como impostos, pagamento de fornecedores e de salários.

Seu papel é, portanto, garantir a saúde financeira do negócio. Em caso de inexistência, é comum que o empresário recorra a empréstimos, que exigem o pagamento de juros. Por isso, o recomendado é ter o valor disponível para evitar uma bola de neve financeira.

Dentro desse escopo, é fundamental controlar o capital de giro para:

  • compreender qual é o melhor momento de comprar e quais os prazos de pagamento que podem ser assumidos — o que impede a existência de um desencaixe entre contas a pagar e a receber;
  • quitar os valores de curto prazo e ainda manter o saldo de caixa positivo;
  • manter as contas de ativo e de passivo equilibradas;
  • atender às demandas referentes às atividades operacionais;
  • criar riqueza na organização em longo prazo.

Perceba que o propósito é trazer segurança financeira ao empreendedor, já que o capital disponível evita inadimplência, irregularidades de pagamento e até falência. Ele também facilita o aproveitamento de oportunidades, o que aumenta a competitividade organizacional.

É por esses motivos que o recomendado é utilizá-lo somente para pagar as contas do dia a dia e ações cuja quitação ocorra no prazo máximo de 1 ano. Se for necessário fazer um investimento maior, como uma reforma grande ou a compra de um equipamento caro, o ideal é usar outro montante para impedir a descapitalização da empresa.

Considerando todas essas características, é possível que você esteja se perguntando: “quanto devo ter de capital de giro para meu negócio?”. Entretanto, a resposta varia conforme a companhia, já que o cálculo passa pela consideração de:

  • investimentos necessários para o estoque;
  • gastos com folha de pagamento;
  • custos fixos, levando em conta o valor médio das contas — como luz, água, internet e aluguel;
  • parcelas e juros de empréstimos e financeiros;
  • impostos;
  • saldo bancário;
  • duplicatas a receber e a pagar.

Além disso, se o seu negócio for pequeno e estiver em fase inicial, tendo apenas um cliente principal, pense em ter uma reserva maior. O indicado é que o valor seja capaz de cobrir possíveis atrasos nos pagamento e uma renovação de contrato, que pode ensejar um período sem repasse de recursos.

Em suma, uma organização que tem pouco ou nenhum capital de giro está limitada e, provavelmente, impedida de crescer — ela apenas sobrevive e, geralmente, precisa captar recursos financeiros para isso.

A importância do capital de giro para a expansão do negócio

As companhias estão inseridas em um contexto globalizado e as ações de uma podem interferir nos resultados de outra. Além disso, a ampla concorrência exige um conhecimento aprofundado das possíveis influências para que o planejamento estratégico esteja totalmente alinhado ao cenário externo.

Essa característica facilita o alcance dos objetivos de médio e longo prazos, o que resulta em benefícios diretos e indiretos. Um deles pode ser a expansão do negócio, que requer um capital de giro bem consolidado para evitar problemas financeiros para a empresa.

Nesse processo, é essencial avaliar as características do mercado e as condições da empresa, principalmente, a financeira. É assim que o empresário tem mais possibilidades de atuação e consegue expandir o negócio de maneira mais sólida.

Tenha em mente que o capital de giro permite que a empresa faça investimentos diversos, como a aquisição de outras marcas e a realização de melhorias. Assim, fica mais fácil aproveitar as oportunidades identificadas — e, consequentemente, obter vantagem competitiva.

Confira a importância de um bom gerenciamento do capital de giro

Essa reserva financeira pode ser gerenciada pelo próprio empreendedor, por uma pessoa designada ou por uma consultoria especializada. Em todos os casos, o objetivo é analisar e administrar o montante por meio da gestão de contas a pagar e a receber, do déficit de caixa e do financiamento dos estoques.

Por meio dessa avaliação, é possível tomar decisões importantes, como o momento ideal para comprar algum equipamento novo e o prazo de pagamento que pode ser oferecido para os clientes. Todos esses pareceres visam a evitar um desencaixe entre pagamentos e recebimentos.

Outros propósitos do gerenciamento do capital de giro são:

  • saber o momento ideal para comprar equipamentos, insumos, matérias-primas etc.;
  • identificar os prazos de pagamento que podem ser assumidos;
  • pagar as contas de curto prazo mantendo o saldo de caixa positivo;
  • equilibrar as contas de ativo e passivo;
  • atender às necessidades de execução de atividades operacionais;
  • criar riqueza na organização observando o longo prazo.

A relação entre o capital de giro e as contas financeiras da empresa

A própria definição de capital de giro evidencia que essa reserva está diretamente relacionada às contas que movimentam o dia a dia da organização. Por isso, é simples chegar a algumas conclusões:

  • as vendas a prazo exigem recursos para que a empresa financie seus clientes;
  • o estoque também precisa de recursos para financiamento, independentemente de ser composto por mercadorias ou matéria-prima;
  • as compras a prazo da empresa são financiadas pelos fornecedores;
  • as contas a pagar — como de energia elétrica, salários, impostos, aluguel etc. — são financiadas pelos prestadores desses serviços.

Devido a essa descrição, fica claro que existe uma relação bastante direta entre o capital de giro e o controle de estoque. Nesse sentido, a primeira questão a ser considerada é que os produtos armazenados representam dinheiro, apesar de serem um recurso imobilizado.

O segundo tópico é a soma dos ativos circulantes, que influencia o cálculo dessa reserva financeira. Isso significa que, na prática, quando o estoque é grande, há uma necessidade maior desse valor financeiro — e essa situação demanda, portanto, uma maior imobilização de recursos. 

Já um estoque muito pequeno pode ocasionar desabastecimento, o que faz perder oportunidades de vendas e gerar a consequente redução do faturamento. Diante desses dois cenários, o que você pode fazer? 

Não se esqueça de que a precificação é um ponto muito importante. Com um preço apropriado, é possível ajustar a margem de lucro e alcançar o capital de giro necessário com mais facilidade. Por sua vez, os preços errados podem gerar um desequilíbrio financeiro. Quando são elevados demais, fica mais difícil gerar vendas. Quando são muito baixos, geram prejuízos.

Porém, vale a pena destacar que existem outras atitudes que podem ser tomadas. Vamos apresentá-las a seguir!

Compreenda os problemas que uma má gestão pode trazer

A origem dos problemas referentes ao capital de giro é variada. Algumas das possibilidades são:

  • redução no total de vendas;

  • aumento da inadimplência;

  • elevação das despesas operacionais e financeiras;

  • dificuldades nos recebimentos e atrasos nas contas a pagar;

  • estoque parado;

Essas questões podem ser resolvidas com um bom gerenciamento do capital de giro, que passa por: elaborar um planejamento estratégico, diminuir o ciclo econômico, controlar a inadimplência e reduzir custos.

Quando isso é deixado de lado, os problemas podem se agravar. Afinal, há um crescimento significativo dos riscos operacionais, já que a organização está suscetível a ficar com um saldo de caixa negativo. Nesse caso, surgem dificuldades até mesmo para manter o bom funcionamento das atividades.

Outra situação ruim é a necessidade de recorrer a empréstimos e financiamentos para cumprir os compromissos assumidos. Além do mais, essa estratégia pode dificultar a recuperação do negócio, porque o empresário está vulnerável às condições da instituição financeira e precisa aceitar os termos propostos.

Aprenda como fazer uma administração eficiente do capital de giro

A melhor maneira de evitar os problemas apresentados anteriormente é saber organizar o capital de giro de forma adequada. Confira, a seguir, algumas práticas que contribuem para os bons resultados!

Calcule o valor necessário para o capital de giro

A contabilização da quantia necessária para essa finalidade precisa, primeiramente, verificar o dinheiro disponível em conta — uma vez que considerar o ativo imobilizado é uma das principais falhas. Por isso, é necessário verificar os valores que já tenham nota fiscal emitida e as datas de pagamento dos boletos aceitos e fechados.

O melhor cenário é nunca contar com o fluxo projetado para evitar riscos. Também é ideal compreender bem os processos para saber quanto pode ser disponibilizado como capital de giro e qual é o período certo para realizar ajustes, quando necessários. Perceba que essas dicas são válidas para eliminar as projeções e os “achismos”, que são negativos devido à volatilidade da economia brasileira. 

Faça um bom planejamento

A gestão do capital de giro exige um plano bem adequado e que garanta os gastos básicos da sua companhia, tendo em vista que, assim, você evita imprevistos. Nesse momento, o planejamento depende da identificação de custos que podem ser otimizados ou reduzidos. 

Estar atento ao fluxo de caixa também é indicado, porque é por meio dele que você conseguirá manter as finanças em dia. Tenha em mente também que é preciso gastar menos — e só desembolse dinheiro quando for realmente necessário. Por isso, use a burocracia para controlar as despesas e aprimorar os resultados financeiros.

Negocie prazos com os fornecedores

Essa é uma maneira eficiente de gerenciar o capital de giro. Entre as possibilidades estão o aumento do prazo de pagamento e a quitação à vista, somente quando o desconto for maior que o custo da reserva financeira. Para fazer isso, comece pelos fornecedores mais antigos, com os quais já têm credibilidade. Afinal, esse precisa ser um acordo entre todos, que vise ao ganha-ganha.

Caso contrário, tente aumentar o prazo de pagamento. Por exemplo: o que é pago em 30 dias pode ser ampliado para 45 dias. E o que é pago em 45 dias pode ser estendido para 60 dias. Use seu poder de negociação para obter essa barganha, já que o fornecedor dificilmente vai querer perder a venda.

Trabalhe o ciclo do capital de giro

A ideia, aqui, é planejar os vencimentos para que o pagamento dos clientes entre em caixa antes da data de quitar as contas com os fornecedores. Os bônus também devem ser alinhados ao ciclo financeiro para evitar um desequilíbrio e um desalinhamento entre os valores imobilizados e aqueles disponíveis em estoque.

Identifique quando é melhor destinar o capital de giro para outras finalidades

Esse montante é válido e deve ser preservado ao máximo. No início do negócio, é ainda mais importante para que o valor cubra a maior parte das despesas. Porém, com o tempo, ele pode ser destinado a outros propósitos — desde que essa seja uma decisão consciente.

Lembre-se, ainda, de que o recomendado é direcionar apenas uma fatia para outros objetivos, como a compra de um equipamento. Assim, você garante que uma parte da quantia seja mantida em caixa.

Use um software de gestão

As ferramentas de gerenciamento financeiro contribuem para uma boa gestão do capital de giro. Elas oferecem mais visibilidade sobre a situação financeira da empresa e ainda permitem registrar todas as receitas e despesas.

Nesse contexto, o software de gestão simplifica a inserção de quantias sobre contas a pagar e a receber. Ele também faz o cálculo automático para saber qual é o saldo do período. Desse modo, você pode antecipar decisões que ajudam a definir o que deve ser feito para salvar o negócio.

Diminua o prazo de recebimento das contas da sua empresa

A única medida que permite chegar a esse resultado é diminuir o prazo de parcelamento das vendas e incentivar as compras à vista. Por mais que essa decisão seja difícil de ser tomada, ela deve ser adotada em algumas situações — principalmente quando o Prazo Médio de Recebimento é muito elevado e há um desencaixe com o caixa.

Essa alternativa, porém, deve ser muito bem pensada, especialmente em períodos de crise. Nesses momentos, o poder de compra é menor e, por isso, os clientes tendem a procurar prazos de pagamento mais extensos. Ao mesmo tempo, os concorrentes praticam políticas de financiamento de vendas mais agressivas. Portanto, considere muito bem essa possibilidade, mesmo que seja temporariamente.

Otimize o estoque

A ideia de adquirir uma quantidade muito grande de produtos para comprar a preços reduzidos pode ser benéfica em um primeiro momento, mas pode trazer mais complexidade à gestão financeira. Afinal, produtos armazenados representam capital parado.

Por isso, pode ser importante abrir mão de adquirir itens a um preço unitário menor em prol de um saldo de caixa positivo. Assim, você evita que o ganho obtido no preço de compra seja eliminado devido ao pagamento de juros.

Em suma, existem várias dicas que podem ser adotadas para realizar uma boa gestão do capital de giro. Como você pôde perceber, todas elas são bastante simples e fáceis de serem aplicadas. No entanto, suas ações devem ir além, como veremos em seguida!

Descubra o que fazer para aumentar o capital de giro da sua empresa

Você já entendeu qual é a importância do capital de giro e compreende exatamente os motivos pelos quais você deve adotar essa medida. Também viu dicas práticas que ajudam a equilibrar os recursos financeiros, certo? Porém, também é preciso aumentar o valor reservado.

Várias atitudes contribuem para esse objetivo. Entre elas estão:

  • análise individual das etapas e partes do processo que geram lucros e despesas para, posteriormente, definir metas a serem trabalhadas;
  • avaliação dos fechamentos mensais por meio de planilhas e softwares de gestão, que possibilitam prever problemas e manter o caixa saudável;
  • compreensão de que o capital de giro vai além do simples pagamento de contas e despesas operacionais.

Outra medida necessária é reavaliar o modelo de negócio. Verifique quais são os termos do contrato atual com fornecedores, clientes e colaboradores. Identifique o que é necessário e o que pode ser eliminado, os itens passíveis de aprimoramento e aqueles que podem ser retirados do seu planejamento.

Tudo isso fica mais fácil com a ajuda de uma consultoria empresarial. Por meio dela, a gestão patrimonial é simplificada e você pode obter uma auditoria financeira completa, que detecta os pontos positivos e aqueles que precisam ser aprimorados.

Outros pontos positivos de contratar uma consultoria são:

  • visão crítica e estratégica sobre a organização com a consequente proposição de soluções viáveis;
  • disponibilidade dos consultores, que podem ficar totalmente dedicados ao projeto e, com isso, tornam o processo de análise mais dinâmico;
  • obtenção de resultados mais rápidos — seja para as tomadas de decisão embasadas em dados reais e precisos, seja para dinamizar os fluxos de trabalho;
  • foco em projetos e resultados, que visam às metas e aos objetivos estabelecidos;
  • melhoria dos processos, que são revistos a partir de um ponto de vista externo e especializado, que está alinhado às melhores práticas;
  • criação de uma imagem corporativa diferenciada, que foque a eficiência das atividades, a entrega de produtos e serviços no prazo, a qualidade e o bom atendimento aos clientes.

Tenha em mente que essas decisões são determinadas a partir dos indicadores gerenciais, que são obtidos a partir do software de gestão e do controle aprimorado dos dados da empresa. Os principais são:

  • capital circulante líquido (CCL): é a folga financeira de uma companhia, ou seja, o valor que facilita o funcionamento do negócio e o giro do estoque. É calculado pelo ativo circulante menos o passivo circulante;
  • necessidade de capital de giro (NCG): representa a quantia demandada para que a empresa mantenha suas operações. É calculado da seguinte forma: contas a receber + estoque – contas a pagar;
  • saldo em tesouraria (ST): expressa a liquidez da companhia. Seu cálculo consiste na diferença entre investimentos e financiamentos financeiros;
  • índice de liquidez (IL): mede a capacidade de transformar um bem em dinheiro. 

Todas essas variáveis são analisadas pela consultoria, que indica a melhor forma de obter e aumentar o capital de giro da sua empresa. Assim, você tem uma visão mais clara do melhor caminho a seguir, de quanto é possível empregar o dinheiro em caixa para outras finalidades e dos momentos mais adequados para adequar os prazos médios de pagamento e recebimento.

Resumindo, existem várias possibilidades que precisam ser consideradas pela sua empresa. Neste post, você verificou a importância do capital de giro e a melhor forma de utilizá-lo no seu negócio. Desse modo, é só seguir as recomendações feitas e aproveitar as oportunidades existentes.

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