O processo de sucessão dentro de uma empresa familiar é algo bastante complexo. A organização, que dedicou tempo e esforço para ser construída e consolidar-se, pode e deve adotar todas as medidas necessárias para assegurar sua continuidade.

O programa de qualificação de sucessores, em tal contexto, deve ser utilizado para profissionalizar quem vai ocupar o lugar do gestor-fundador.

Ao longo deste artigo, abordamos a importância da qualificação dos sucessores para que a empresa possa prosseguir por longas gerações, bem como algumas dicas práticas e valiosas para garantir o sucesso dessa estratégia. Boa leitura!

Qual a importância de realizar um programa de qualificação de sucessores?

Sucessão empresarial e profissionalização do futuro sucessor são assuntos que estão sempre integrados um ao outro, além de serem bastante discutidos.

É praticamente impensável que uma empresa do tipo familiar prossiga para a próxima geração sem que o sucessor em questão tenha atravessado um longo e complexo processo de seleção, por meio do qual ele foi escolhido de forma bastante refletida e antecipada, com todo o cuidado.

Além de ter passado por essa “peneira”, o herdeiro deve participar de atividades preparatórias, a fim de assimilar uma série de conhecimentos e práticas, tais como lidar com os papéis relacionados à herança, as ações, temas ligados à gestão dos negócios, direitos e deveres enquanto responsável por um patrimônio etc.

É absolutamente recomendável, portanto, que o sócio-fundador da instituição se certifique, o mais previamente possível, de estabelecer todas as normas do planejamento sucessório.

É preciso, também, efetuar a seleção e a profissionalização do sucessor, com o intuito de evitar maiores problemas e conflitos que, por sua vez, podem levar a situações de estresse entre os membros da família e as demais pessoas que compõem a empresa.

A importância desse tipo de ação não reside somente na necessidade de encontrar um líder apropriado, mas também em garantir que algo de valor, que demandou tanto empenho e recursos para ser erguido, continue a prover sua família.

Se a pessoa que for assumir o comando organizacional não tiver o perfil adequado para gerir o negócio, será muito difícil fazer com que a empresa prospere com o passar do tempo.

É a partir de uma formação que esteja em consonância com os interesses e valores detidos pelo fundador, a cultura organizacional e o esquema estrutural da organização, que será possível ter em mãos um sucessor à altura, isto é, condizente com as expectativas.

Para que a profissionalização gere efeitos positivos, o sócio-fundador deve ter uma atitude racional, consciente, moderada e coordenada, sabendo separar bem aquilo que diz respeito aos assuntos estritamente corporativos daqueles que são puramente familiares.

O processo de profissionalização do sucessor é, assim, uma forma de oferecer à empresa uma sucessão mais tranquila, harmônica e com menos dificuldades, gerando maior satisfação e resultados.

Como fazer a qualificação dos sucessores nas empresas familiares?

A qualificação dos sucessores nas empresas familiares, conforme mencionado, começa no processo de escolha do referido sucessor.

Por mais que, eventualmente, queira-se ceder essa posição a alguém por conta da idade, do gênero ou de outra razão similar, o mais correto é que essa escolha seja feita com base nos atributos profissionais da pessoa, ou seja, na sua capacidade de gestão e liderança.

É imprescindível, para a total eficiência do programa de qualificação dos sucessores, que a seleção seja feita da forma mais antecipada possível. Não é incomum encontrar empresas que, mesmo tendo um plano sucessório, ainda não definiram o futuro sucessor.

Um elemento essencial para o contexto da transição e da qualificação dos herdeiros sucessores é a realização de uma análise das capacidades psicológicas e técnicas reais de cada pessoa. O objetivo consiste em coibir que se promova familiares apenas por critérios subjetivos e pessoais.

Uma adaptação mais rápida a uma nova gestão pode ser obtida, entre outros fatores, por meio de:

  • procura de resoluções para uma relação pacífica entre família e negócios;
  • identificação antecipada dos pontos fracos ou vulneráveis na estrutura;
  • adequação da gestão e do processo de sucessão às características gerais da empresa e às especificidades do seu segmento de atuação.

Para os casos em que o herdeiro não tenha o perfil desejado para assumir a gestão dos negócios da família, uma boa alternativa é adotar uma gestão profissional por meio da contratação de uma empresa terceirizada, com especialistas plenamente aptos a conduzir a organização, tendo à sua disposição um arsenal gigantesco de know-how e experiência no mercado.

Por outro lado, investir na capacitação profissional do herdeiro sucessor, enquanto alternativa, implica incentivá-lo a fazer cursos, participar de workshops e congressos, frequentar eventos da área, realizar treinamentos, entre outras ações que incrementem seu cabedal de conhecimentos como profissional e, consequentemente, elevem a sua performance.

É necessário, também, a criação e/ou desenvolvimento de competências, tanto de caráter profissional quanto pessoal, que serão demandadas ao se conduzir os negócios, em concordância com as diretrizes dadas por todos os sócios quanto aos rumos desejados.

Tais competências podem ser divididas em três categorias distintas:

  • competências gerais: ações da empresa para obter resultados com foco na clientela, que envolvem saber qual o modelo de gestão adotado e conhecer os diferenciais da companhia;
  • competências de caráter específico: capacidade de fazer negociações; ação estratégica; saber como gerir equipes; interpretação e análise das condições do mercado; ciência do fluxo total e completo das atividades, processos, pessoas e equipamentos;
  • competências do tipo comportamental: dizem respeito ao desenvolvimento da personalidade do líder corporativo, a partir do incremento de algumas qualidades, como comprometimento, responsabilidade, flexibilidade, ética, proatividade, bom relacionamento interpessoal etc.

Esse processo de formação não é algo que possa ser feito em poucos meses. Trata-se de um processo longo, demorado e que deve levar em consideração a adequação à cultura da empresa, a capacitação técnica e o respeito aos princípios dos fundadores.

Afinal, o que o programa de qualificação de sucessores exige da empresa?

O programa de qualificação de sucessores das empresas familiares demanda análises apuradas, bem como orientações, diretrizes, conhecimentos, práticas, posturas e ações guiadas por pessoas experientes e qualificadas em temáticas, direta ou indiretamente, relacionadas à gestão empresarial e à governança corporativa. Além, é claro, de conhecimentos bem fundamentados acerca de empresas familiares.

Gostou do nosso artigo? Então, que tal saber como prevenir eventuais problemas nas sucessões?